Em pronunciamento nesta quinta-feira, 19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que as drogas hidroxicloroquina e remdesivir podem ter bons resultados contra o coronavírus, com base em um estudo feito na China, e pediu velocidade de testes e possível aprovação pela FDA (Food and Drugs Administration), espécie de Anvisa do país. O discurso de Trump, inicialmente, deu a entender que os EUA tinham descoberto uma cura para o novo coronavírus, o que não aconteceu.
Na mesma conferência, um dos membros da FDA, Stephen Hahn, disse que o uso da droga ainda está em testes para avaliar como ela funciona e em que dose deve ser utilizada contra o coronavírus.
Cloroquina: medicamento mostra resultados promissores no tratamento contra o novo coronavírus (Stock.xchng/forwardcom/Reprodução)
Em um estudo publicado por cientistas chineses em 18 de março na revista científica Nature, as drogas hidroxicloroquina e remdesivir se mostraram capazes de inibir a infecção do SARS-CoV-2 (nome do novo coronavírus) em simulação in vitro.
Outro estudo feito na França, realizado pelo Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha, publicado no periódico científico International Journal of Antimicrobial Agents, mostra que a hidroxicloroquina teve desempenho positivo. Em alguns casos, foi usado também um antibiótico chamado azitromicina, que combate infecções pulmonares causadas por bactérias.
Gregory Rigano, orientador de pesquisa na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e coautor de um estudo sobre o uso de hidroxicloroquina em humanos para combater o coronavírus. Em um experimento feito com dois grupos, um que recebeu o medicamento e outro que não o recebeu, o resultado da droga no combate ao novo coronavírus foi eficaz. O antibiótico azitromicina foi usado em conjunto com a cloroquina, como no estudo feito na França.
O estudo ainda está para ser publicado, mas Rigano já concedeu uma entrevista a uma rádio americana falando sobre o tema. “Esse será o estudo mais importante a ser lançado sobre o tema. Ponto”, disse Rigano. O bilionário Elon Musk também publicou uma mensagem no seu perfil no Twitter nesta semana afirmando que a droga poderia ser eficaz contra o novo coronavírus. A FDA realiza testes com a cloroquina para combater a Covid-19.
Na última quinta-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa brasileira, iria liberar o uso de um remédio contra a malária, a hidroxicloroquina, para o tratamento da Covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. Embora a própria FDA tenha esclarecido que mais estudos são necessários para liberar esse medicamento, a declaração fez com que pessoas no mundo todo, incluindo o Brasil, corressem para comprar o remédio. E isso é um problema.
Em primeiro lugar, os estudos sobre a eficiência da hidroxicloroquina, ainda que tragam esperanças no combate ao SARS-Cov-2, são bastante preliminares. Um deles, de pesquisadores chineses, foi publicado na revista Nature na quarta-feira (18). O estudo foi feito integralmente com células in vitro, ou seja, não houve testes em pacientes humanos. Outro estudo, de pesquisadores da França, testou apenas 36 pacientes, e não foi revisado por outros cientistas. Além da escala pequena, o teste foi feito sem randomização – separação aleatória de grupos de pacientes para evitar que fatores externos influencie nos resultados da pesquisa. Ainda não é possível tirar conclusões definitivas sobre ambos os estudos.
Em segundo lugar, e mais importante, a corrida às farmácias reduziu a disponibilidade do medicamento para pessoas que usam hidroxicloroquina como tratamento de doenças crônicas. Embora tenha sido desenvolvido inicialmente para malária, essa substância também é usada no combate a lúpus, artrite reumatoide e reumatismo, entre outras doenças. Ou seja, quem corre para garantir um remédio cuja eficácia ainda não foi comprovada está colocando em perigo pessoas com doenças reais.
O que é hidroxicloroquina?
O sulfato de hidroxicloroquina foi desenvolvido em 1946 como um substituto da cloroquina, droga que era utilizada no tratamento da malária. Um dos protozoários que causam a doença tropical, o Plasmodium falciparum, se tornou resistente à droga mais antiga. Além disso, a velha cloroquina, se consumida em doses exageradas, pode matar. A hidroxicloroquina é menos tóxica, ou seja, os riscos de overdose são menores.Além da malária, a hidroxicloroquina passou a ser usada no tratamento de algumas doenças crônicas. Segundo a Anvisa, pacientes com dois tipos de artrite, dois tipos de lúpus, e “afecções reumáticas e dermatológicas” em geral, incluindo problemas na pele causados por excesso de luz solar, têm boa resposta ao tratamento com a droga. Com isso, ela se transformou em um medicamento relativamente comum até mesmo em áreas que não são afetadas pela malária.
Na mesma conferência, um dos membros da FDA, Stephen Hahn, disse que o uso da droga ainda está em testes para avaliar como ela funciona e em que dose deve ser utilizada contra o coronavírus.
Covid-19: entenda por que você não deve comprar hidroxicloroquina agora
Donald Trump: "Os médicos vão distribuir o medicamento, os Estados também, vai ser excelente" (Leah Millis/Reuters)Cloroquina: medicamento mostra resultados promissores no tratamento contra o novo coronavírus (Stock.xchng/forwardcom/Reprodução)
Em um estudo publicado por cientistas chineses em 18 de março na revista científica Nature, as drogas hidroxicloroquina e remdesivir se mostraram capazes de inibir a infecção do SARS-CoV-2 (nome do novo coronavírus) em simulação in vitro.
Na última quinta-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa brasileira, iria liberar o uso de um remédio contra a malária, a hidroxicloroquina, para o tratamento da Covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. Embora a própria FDA tenha esclarecido que mais estudos são necessários para liberar esse medicamento, a declaração fez com que pessoas no mundo todo, incluindo o Brasil, corressem para comprar o remédio. E isso é um problema.
Em primeiro lugar, os estudos sobre a eficiência da hidroxicloroquina, ainda que tragam esperanças no combate ao SARS-Cov-2, são bastante preliminares. Um deles, de pesquisadores chineses, foi publicado na revista Nature na quarta-feira (18). O estudo foi feito integralmente com células in vitro, ou seja, não houve testes em pacientes humanos. Outro estudo, de pesquisadores da França, testou apenas 36 pacientes, e não foi revisado por outros cientistas. Além da escala pequena, o teste foi feito sem randomização – separação aleatória de grupos de pacientes para evitar que fatores externos influencie nos resultados da pesquisa. Ainda não é possível tirar conclusões definitivas sobre ambos os estudos.
Em segundo lugar, e mais importante, a corrida às farmácias reduziu a disponibilidade do medicamento para pessoas que usam hidroxicloroquina como tratamento de doenças crônicas. Embora tenha sido desenvolvido inicialmente para malária, essa substância também é usada no combate a lúpus, artrite reumatoide e reumatismo, entre outras doenças. Ou seja, quem corre para garantir um remédio cuja eficácia ainda não foi comprovada está colocando em perigo pessoas com doenças reais.
Outro estudo feito na França, realizado pelo Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha, publicado no periódico científico International Journal of Antimicrobial Agents, mostra que a hidroxicloroquina teve desempenho positivo. Em alguns casos, foi usado também um antibiótico chamado azitromicina, que combate infecções pulmonares causadas por bactérias.
Gregory Rigano, orientador de pesquisa na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e coautor de um estudo sobre o uso de hidroxicloroquina em humanos para combater o coronavírus. Em um experimento feito com dois grupos, um que recebeu o medicamento e outro que não o recebeu, o resultado da droga no combate ao novo coronavírus foi eficaz. O antibiótico azitromicina foi usado em conjunto com a cloroquina, como no estudo feito na França.
O estudo ainda está para ser publicado, mas Rigano já concedeu uma entrevista a uma rádio americana falando sobre o tema. “Esse será o estudo mais importante a ser lançado sobre o tema. Ponto”, disse Rigano. O bilionário Elon Musk também publicou uma mensagem no seu perfil no Twitter nesta semana afirmando que a droga poderia ser eficaz contra o novo coronavírus. A FDA realiza testes com a cloroquina para combater a Covid-19.
Apesar de promissora, a droga ainda precisa de mais testes clínicos antes de ser distribuída amplamente para a população de forma segura. Por isso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pediu que a Federal Drug Administration, análoga à Anvisa brasileira, seja ágil com o processo de testes e aprovação do medicamento.
Por conta da falta de aprovações clínicas do uso da hidroxicloroquina, a automedicação não é recomendada por médicos e pesquisadores.
Outro medicamento que tem se mostrado promissor contra o novo coronavírus é o remdesivir. Porém, por ser um medicamento experimental, não se espera que ele esteja amplamente disponível para o tratamento de um grande número de pessoas tão cedo quanto a hidroxicloroquina. A farmacêutica americana Gilead detém a patente do remdesivir.
Os medicamentos anti-virais lopinavir e favipiravir chegaram a ser considerados como drogas em potencial para tratar a Covid-19, mas um estudo divulgado na noite de ontem mostrou que elas são ineficazes. Com isso, os esforços dos cientistas de todo o mundo agora se voltam à hidroxicloroquina.
O que é a hidroxicloroquina, remédio promissor contra o novo coronavírus.
Hidroxicloroquina é indicado para o tratamento de: Afecções reumáticas e dermatológicas; Artrite reumatoide; Artrite reumatoide juvenil; Lúpus eritematoso sistêmico; Lúpus eritematoso discoide; Condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar. Malária Tratamento das crises agudas e tratamento supressivo de malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas sensíveis de P. falciparum. Tratamento radical da malária provocada por cepas sensíveis de P. falciparum. A Hidroxicloroquina não é eficaz contra cepas de Plasmodium falciparum resistentes à cloroquina, e também não é ativa contra as formas exo-eritrocíticas de P. vivax, P. ovale e P. malariae. Consequentemente, Hidroxicloroquina não previne a infecção por esses plasmódios, nem as recaídas da doença.
Por conta da falta de aprovações clínicas do uso da hidroxicloroquina, a automedicação não é recomendada por médicos e pesquisadores.
Outro medicamento que tem se mostrado promissor contra o novo coronavírus é o remdesivir. Porém, por ser um medicamento experimental, não se espera que ele esteja amplamente disponível para o tratamento de um grande número de pessoas tão cedo quanto a hidroxicloroquina. A farmacêutica americana Gilead detém a patente do remdesivir.
Os medicamentos anti-virais lopinavir e favipiravir chegaram a ser considerados como drogas em potencial para tratar a Covid-19, mas um estudo divulgado na noite de ontem mostrou que elas são ineficazes. Com isso, os esforços dos cientistas de todo o mundo agora se voltam à hidroxicloroquina.
O que é a hidroxicloroquina, remédio promissor contra o novo coronavírus.
Hidroxicloroquina é indicado para o tratamento de: Afecções reumáticas e dermatológicas; Artrite reumatoide; Artrite reumatoide juvenil; Lúpus eritematoso sistêmico; Lúpus eritematoso discoide; Condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar. Malária Tratamento das crises agudas e tratamento supressivo de malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas sensíveis de P. falciparum. Tratamento radical da malária provocada por cepas sensíveis de P. falciparum. A Hidroxicloroquina não é eficaz contra cepas de Plasmodium falciparum resistentes à cloroquina, e também não é ativa contra as formas exo-eritrocíticas de P. vivax, P. ovale e P. malariae. Consequentemente, Hidroxicloroquina não previne a infecção por esses plasmódios, nem as recaídas da doença.
Em primeiro lugar, os estudos sobre a eficiência da hidroxicloroquina, ainda que tragam esperanças no combate ao SARS-Cov-2, são bastante preliminares. Um deles, de pesquisadores chineses, foi publicado na revista Nature na quarta-feira (18). O estudo foi feito integralmente com células in vitro, ou seja, não houve testes em pacientes humanos. Outro estudo, de pesquisadores da França, testou apenas 36 pacientes, e não foi revisado por outros cientistas. Além da escala pequena, o teste foi feito sem randomização – separação aleatória de grupos de pacientes para evitar que fatores externos influencie nos resultados da pesquisa. Ainda não é possível tirar conclusões definitivas sobre ambos os estudos.
Em segundo lugar, e mais importante, a corrida às farmácias reduziu a disponibilidade do medicamento para pessoas que usam hidroxicloroquina como tratamento de doenças crônicas. Embora tenha sido desenvolvido inicialmente para malária, essa substância também é usada no combate a lúpus, artrite reumatoide e reumatismo, entre outras doenças. Ou seja, quem corre para garantir um remédio cuja eficácia ainda não foi comprovada está colocando em perigo pessoas com doenças reais.
O que é hidroxicloroquina?
O sulfato de hidroxicloroquina foi desenvolvido em 1946 como um substituto da cloroquina, droga que era utilizada no tratamento da malária. Um dos protozoários que causam a doença tropical, o Plasmodium falciparum, se tornou resistente à droga mais antiga. Além disso, a velha cloroquina, se consumida em doses exageradas, pode matar. A hidroxicloroquina é menos tóxica, ou seja, os riscos de overdose são menores.Além da malária, a hidroxicloroquina passou a ser usada no tratamento de algumas doenças crônicas. Segundo a Anvisa, pacientes com dois tipos de artrite, dois tipos de lúpus, e “afecções reumáticas e dermatológicas” em geral, incluindo problemas na pele causados por excesso de luz solar, têm boa resposta ao tratamento com a droga. Com isso, ela se transformou em um medicamento relativamente comum até mesmo em áreas que não são afetadas pela malária.
No Brasil, os remédios Plaquinol, do laboratório Sanofi-Aventis, e Reuquinol, da Apsen, têm o sulfato de hidroxicloroquina como princípio ativo. Há, ainda, versão genérica disponível nas farmácias.
Estudos preliminares
Na última terça-feira (17), um grupo de pesquisadores da Universidade de Aix-Marseille, na França, divulgaram um estudo clínico preliminar sobre o uso de hidroxicloroquina no combate ao Covid-19. Um grupo de 20 pacientes, em diferentes estágios da doença, foi submetido a doses diárias de 600mg da substância por seis dias. Alguns deles também foram tratados com azitromicina, antibiótico usado em tratamentos de infecções respiratórias. Outros 16 pacientes foram usados como grupo de controle. 70% dos tratados com hidroxicloroquina se curaram da Covid-19, incluindo todos os que receberam também a azitromicina.
Embora os resultados sejam animadores, a amostra é, como os próprios pesquisadores admitem, muito pequena. O estudo não foi randomizado e os testes não foram “cegos”. Isso é fundamental para evitar vieses na pesquisa médica. Além disso, a pesquisa foi divulgada antes de passar pelo processo de revisão por pares – quando outros cientistas avaliam os métodos e os dados apresentados pelos pesquisadores, conferindo mais segurança ao estudo.
Na quarta (18), outro estudo foi publicado na revista Nature, desta vez por um grupo de pesquisadores da China. Nesta pesquisa, os cientistas concluíram que a hidroxicloroquina é eficiente na inibição do vírus SARS-Cov-2 em células in vitro. Esse último detalhe é importante: a pesquisa não foi realizada diretamente com pacientes infectados, e sim com tecidos humanos isolados. “Nós prevemos que essa droga tem um bom potencial para combater a doença. Essa possibilidade aguarda confirmação por testes clínicos”, diz o texto.
Ou seja, embora os primeiros estudos mostrem que hidroxicloroquina é, de fato, um remédio promissor no tratamento da Covid-19, seu uso ainda não é recomendado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça esse ponto. “Para a inclusão de indicações terapêuticas novas em medicamentos, é necessário conduzir estudos clínicos em uma amostra representativa de seres humanos, demonstrando a segurança e a eficácia para o uso pretendido”, diz a nota publicada pela agência reguladora.
Outros remédios também têm mostrado eficácia em estudos iniciais – entre eles a própria cloroquina, Kaletra (combinação de lopinavir e ritonavir, usado no combate ao HIV), favipiravir (remédio para gripe), remdesivir (remédio contra Ebola) e o Interferon beta (um antiviral).
Estocando remédios
Embora as pesquisas sejam preliminares, o anúncio de que um remédio relativamente comum pode ser eficiente contra a Covid-19 fez com que diversas pessoas corressem às farmácias para comprar hidroxocloroquina. Há relatos de pessoas fazendo estoque do remédio e alguns vídeos circulam em redes sociais com médicos recomendando o medicamento. Como resultado, as caixas de hidroxicloroquina estão sumindo das prateleiras das farmácias, prejudicando quem realmente precisa do remédio para viver.
Lúpus é uma doença autoimune e sem cura que atinge cerca de 200 mil brasileiros. Ela afeta diversos sistemas do corpo, incluindo as articulações, a pele, os rins e o sistema nervoso. A hidroxocloroquina é fundamental para manter a doença sob controle. Porém, portadores da doença e seus familiares de diferentes partes do Brasil, incluindo Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, têm registrado dificuldades em encontrá-lo.
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