Pererecas invasoras incomodam moradores em bairro de São Paulo...
Nativas do Caribe, animais estão em época de reprodução e fazem muito barulho, acima de 50 decibéis.
Relato poe em guarda outros locais que poderão ser infestados...
Marilene Ayalla
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Marilene Ayalla
Quintal da casa da Marilene Ayalla, em São Paulo, 20h30, algumas horas depois ou quase 2h. O barulho não para. “É o tempo inteiro esse barulho, de outubro a abril. É uma tragédia para quem quer descansar”, conta a psicóloga.
E quem provoca essa tragédia toda é menor do que uma moeda de R$ 0,10. As pererecas, minúsculas, estão deixando Dona Marilene desesperada. “Penetra nos ouvidos e você de repente vai se sentindo irritado, desesperançado, com raiva”, diz.
O aparelho que mede a intensidade do som registrou mais de 50 decibéis. É mais barulho até do que o permitido pela legislação em bares de São Paulo. A partir das 22h, em bairros residenciais - o caso da Marilene - eles não podem passar de 45 decibéis.
Para fugir do barulho, o jeito é ficar trancada em casa. O Fantástico foi até a sala da casa e dava para ouvir.
Com a janela aberta, são aproximadamente 50 decibéis. Se fechar a janela dá para ouvir. Mas como dormir assim? “Tenho um monte de travesseiro. Eu deito e ponho dois assim e fico segurando”, explica a moradora.
O bairro da Marilene é na Zona Sul de São Paulo. As pererecas cantoras tomaram conta da rua. Também estão no jardim da Tereza.
Fantástico: O que esse barulho te lembra?
Tereza: Alarme disparado.
Fantástico: De carro, de casa?
Tereza: Qualquer coisa, porque é um som meio metálico. Você percebe que o som é bem agudo.
As pererecas começaram a aparecer no bairro há uns quatro anos. Os moradores reclamaram e um zoólogo que estuda anfíbios há mais de 30 anos foi chamado e descobriu que as pererecas são invasoras, vieram do Caribe.
“Elas são nativas das Antilhas e elas já invadiram outras regiões. A última invasão registrada é aqui na cidade de São Paulo. A minha impressão é que isso aqui foi trazido acidentalmente em plantas ornamentais”, explica Celio Fernando Baptista Haddad.
A espécie é chamada de perereca assobiadora, e o som tem um motivo: é tudo em nome do amor. “Todo esse barulho é produzido pelo macho dessa espécie, a fêmea é muda. É o macho que tem o papel de coaxar para atrair a fêmea da sua espécie”
“Infelizmente não é uma bela sinfonia, é bem desagradável”, lamenta Tereza.
Pior que essa sinfonia vai até o ano que vem. O período de reprodução começou em outubro e termina só em abril. O zoólogo diz que os quintais já estão tomados por milhares de pererecas. Se não forem controladas, elas podem se espalhar por outros bairros da capital. Foi assim com o caramujo gigante africano. “Ele foi introduzido no Brasil mais ou menos no final da década de 80 como uma segunda fonte de escargot. A Anvisa notou que esse animal não era para consumo humano e mandou recolher e a pessoa que fez introdução desse animal não soube fazer o descarte, descartou na natureza. E eles se reproduzem muito rápido”, diz o diretor de Vigilância Sanitária do Guarujá, Marco Antonio Chagas.
Ficou incontrolável.
“Hoje no país nós temos 23 estados já com proliferação de caramujos”, ressalta.
Nesta semana, eles voltaram a aparecer no Guarujá, litoral de São Paulo. “Depois dessas chuvas que tiveram. Chuva forte. No dia seguinte, a gente percebeu que tinha muitos em cima do muro. Tirei todos do ninho e joguei sal”, conta o analista financeiro Santiago Aparecido Pereira de Lima.
O caramujo pode causar meningite e perfuração intestinal, uma ameaça que não existe com as pererecas do Caribe. Elas não trazem risco à saúde.
E se quase todos os moradores da vizinhança estão irritados, tem gente que está se divertindo. Caio, Tiago e Lucas passam horas atrás das pererecas. “Você ouve o barulho lá onde você está você descobre onde você está. E aí você pega naturalmente”, conta um dos meninos.
“A gente guarda e depois solta de novo no quintal”, conta o menino.
Apesar da alegria do trio, o zoólogo diz que as pererecas precisam ser exterminadas: “Tem que matar, ele é uma praga, as pessoas as vezes ficam com dó, mas ele não é nativo, é uma espécie invasora. O som que ela emite pode interferir no som de uma espécie nativa. Então a fêmea da espécie nativa pode não conseguir encontrar o macho da sua própria espécie e não se reproduz”.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo disse em nota que a gestão da fauna silvestre, no estado de São Paulo, é atribuição do governo estadual e que a prefeitura comunicou o governo para que a perereca fosse incluída na lista de espécies invasoras. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente informa que não recebeu nenhum pedido sobre o caso e que está à disposição para tentar resolver o problema.
Marilene espera uma solução e sonha com o silêncio. “Eu queria voltar a ter minhas noites de sono que eu tinha. Eu moro há 35 anos nessa casa”, diz.
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Enquanto isso não acontece, o trio de caçadores segue se divertindo com as perereca..
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