sábado, 20 de abril de 2013

Prevenir, Planejar... Quarta Revolução Industrial aniquilará milhões de empregos, inclusive o seu...

Prevenir, Planejar... Quarta Revolução Industrial aniquilará milhões de empregos, inclusive o seu...



Quarta Revolução Industrial aniquilará milhões de empregos, inclusive o seu...


Sucesso dependerá da capacidade de compreender a amplitude da transformação econômica e social e implementar estratégias digitais em tempo hábil
Quando falamos na quarta revolução industrial e na transformação digital, de maneira geral nos concentramos nos seus impactos nos negócios e na reinvenção da TI e do CIO. Está claro que o CIO puramente técnico está em vias de extinção. Cada vez mais exige-se desse profissional um papel mais holístico e executivo, que tenha uma visão 360◦ do contexto. Por isso, esse artigo muda um pouco o foco. Vamos abordar alguns efeitos da transformação digital na sociedade, na educação e em nós, como pessoas. Perspectivas que merecem a atenção dos CIOs e CEOs modernos.
Uma área que será afetada de forma radical é o emprego. O uso intensivo de computadores destruiu ou praticamente jogou para escanteio profissões como ascensoristas, datilógrafos, operadores de telefonia e caixas de bancos. Mesmo profissões de alto conhecimento técnico, como navegadores e engenheiros de voo nas tripulações das aeronaves, deixaram de existir há décadas.
Um fato é indiscutível: novas tecnologias mudam a natureza do trabalho. Outras mudanças aconteceram de forma gradual e não trouxeram impactos sociais muito grandes, como a transição da agricultura para a sociedade industrial, porque se diluíram no tempo. A própria revolução industrial, que impactou algumas profissões no curto prazo, mas criou outras que não existiam, levou décadas para se firmar. O que vemos com a quarta revolução industrial é que a velocidade com que acontece (em um ritmo mais acelerado que o de mudanças anteriores), sua amplitude e profundidade, provocando mudanças significativas, simultaneamente, cria um cenário novo e desafiador.
A questão agora é: o ritmo com que as tecnologias avançam, exponencialmente, destruindo profissões será superior à capacidade de geração de novas funções? Não existe resposta para isso ainda. Um exemplo de como novos negócios surgem e se disseminam rapidamente são os apps ou a “app economy”. Criada em 2008 com abertura da App Store pela Apple, já está se tornando maior que a centenária indústria cinematográfica de Hollywood.
A substituição crescente do trabalho pela automação é um desafio que precisamos enfrentar. O risco potencial é bem real. Recomendo a leitura de um estudo muito instigante, “The Future of Employment: How susceptible are Jobs to Computerisation? ”, que aborda o que podemos chamar de “desemprego tecnológico", com foco nos EUA. À medida que as tecnologias de “machine learning” e robótica avançarem, será inevitável a substituição de funções ocupadas por humanos hoje. Tarefas e procedimentos bem definidos e repetitivos poderão ser substituídos por algoritmos sofisticados.
Como o custo da computação cai consistentemente, ano a ano, torna-se atrativo economicamente a substituição de pessoas por máquinas. O processo é acelerado pela reindustrialização nos países ricos, como os EUA, que após perderem suas fábricas para países de mão de obra barata como a China, começam a trazê-las de volta, mas de forma totalmente automatizadas. Os empregos da indústria americana, perdidos pela saída das fábricas, não estão voltando com elas. Quem está ocupando as funções são os robôs. Este processo também está ocorrendo na China, onde já existem diversas fábricas totalmente automatizadas, cada uma delas empregando dez vezes menos pessoas que as fábricas tradicionais.
O estudo estima que cerca de 47% dos atuais empregos nos EUA estão em risco. Entre estas funções estão motoristas de veículos como caminhões e táxis, estagiários de advocacia, jornalistas, auditores, desenvolvedores de software, administradores de sistemas de computação, etc.
Isso nos leva a questionar as capacitações que precisaremos ter para o futuro. Basicamente, as funções que estão relativamente imunes à destruição, em princípio, são aquelas que envolvem habilidades sociais, artísticas e criativas. Em negócios, as que exigem decisões baseadas em incertezas e o desenvolvimento de inovação e novas ideias. De maneira geral, as empresas ainda não estão se preparando para este futuro, mais breve do que imaginamos.
Recomendo a leitura do relatório “The Future of Jobs: Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revolution”, publicado pelo World Economic Forum. O relatório mostra claramente que os próximos cinco a dez anos serão críticos em relação à transição. Empresas e países que não conseguirem se adaptar, correrão sérios riscos de ficarem para trás ou terem consequências econômicas sérias. Ao lado das funções que desaparecerão, outras novas serão criadas, com perfil diferente das atuais. Além disso, o tempo médio de validade das capacitações tende a diminuir sensivelmente, assim como serão estabelecidas novas relações entre empresas e pessoas. As bases das regulações trabalhistas, criadas em plena sociedade industrial, onde a longevidade ne empresa era um prêmio, mudará rapidamente.


A economia compartilhada vai mudar em muito este relacionamento, e sugiro dar uma olhada no artigo “Uber’s Business Model Could Change Your Work”. No fundo, surge uma nova classe de trabalho: você não é empresário nem trabalha para uma empresa só, mas para várias. Um exemplo nos EUA: uma pessoa poderá ser motorista do Uber, alugar parte de sua residência pelo Airbnb, e fazer alguns trabalhos pelo Taskrabitt. Parece heresia, mas o fato é que a quarta revolução industrial vai, realmente, mudar muitos dos conceitos, práticas e hábitos que adotamos até hoje. A leitura do relatório “The future of work: A journey to 2022”, publicado pela PwC, ajuda a entender os desafios que temos pela frente. Um estudo do Gallup põe mais lenha na fogueira quando afirma que, mundialmente, apenas um em cada oito funcionários está realmente engajado com seu trabalho e com sua empresa. Como agradar um cliente, cada vez mais empoderado e exigente, com este baixo nível de engajamento?
É muito difícil e arriscado fazer previsões, pois geralmente nos apegamos a ideias arraigadas, que nos impedem de ter uma visão mais ampla e aberta de um cenário futuro. Quando Thomas Watson, então presidente da IBM, disse em 1943 “I think there is a world market for maybe five computers”, fazia todo o sentido na época. Hoje parece ridículo, mas era impossível, em meados da década de 40 do século 20, imaginar a criação de transistores, desktops e smartphones que mudaram totalmente o contexto. Os smartphones são computadores de bolso e seu número já está na casa dos bilhões. Além disso, com a velocidade da evolução tecnológica e a convergência de várias tecnologias, olhar alguns anos à frente é extremamente incerto. Para termos uma ideia, usando a famosa lei de Moore, até 2025 teremos pelos menos 7 ciclos de evolução. Isto implica que a capacidade computacional será multiplicada por 128 vezes em 10 anos. Imaginem o que é ter no bolso, daqui a meros dez anos, um smartphone 128 vezes mais poderoso que o mais recente atualmente. Convergindo tecnologias, as coisas ficam realmente disruptivas. Por exemplo, se pegarmos dispositivos vestíveis, plataformas sociais, disseminação da Internet, “machine learning” e nanosensores teremos uma disrupção no setor de saúde.
Para este novo mundo, temos que dar um reboot em muita coisa. Começando pela educação. Nosso sistema escolar foi construído para a sociedade industrial e não está preparado para a formação profissional exigida pela quarta revolução industrial. O modelo atual é caracterizado por módulos e padrões de aprendizado que cada aluno tem que percorrer, no mesmo período. Similar a uma linha de produção de uma fábrica. A inovação é inibida e as disciplinas atuais formam profissões que irão desaparecer um uma ou duas décadas. Por que os alunos não podem escolher seus próprios caminhos? Por que não conjugar conhecimentos de computação, artes, música, não como assuntos totalmente separados, mas relacionados entre si? Estas experiências, na Nova Zelândia e na Suécia, são estudos de caso a serem observados de perto.
O mundo dos negócios também vai ter que ser reinventado. De maneira geral de 20% a 30% do headcount de uma empresa estão em funções de administração e gerencia. Mas este modelo, de comando e controle, tipicamente hierárquico, deixa de ser necessário com novas tecnologias e novos modelos organizacionais, com empresas estruturadas em rede e modeladas para serem exponenciais. Algumas primeiras experiências como a da empresa americana Zappos, com o modelo holacrático, devem ser observadas de perto.
Os próprios modelos de negócio atuais começam a ser questionados. Já vemos investidores começando a sair do setor hoteleiro, como consequência do surgimento de disrupções como o Airbnb, que já responde por 5,4% das ofertas de quartos nos EUA e que deve chegar a 14% até 2020. O valor de mercado do Airbnb já é de 24 bilhões de dólares, ultrapassando redes tradicionais como Marriott. Mesmo em setores conservadores, como o elétrico, as disrupções estão a vista. O estudo “Disruptive Challenges: Financial Implications and Strategic Responses to a Changing Retail Electric Business” mostra que nenhum, absolutamente nenhum setor, ficará imune às disrupções causadas pela revolução tecnológica. A ameaça? A transformação do consumidor em prosumidor, ou seja, ele consome, mas também vende a energia produzida por ele mesmo, por tecnologias alternativas como painéis solares.
A mudança disruptiva já é uma condição do mundo atual. O importante é pensar em como manter algum tipo de estabilidade dentro deste contexto. Como manter a identidade da organização quando tudo muda o tempo todo?
Uma sugestão é abrir espaço para experimentações e a busca por inovação, estimulando parcerias com startups, o que cria um novo ecossistema de fornecedores e parceiros, diferente do que as empresas e os CIOs estão acostumados. Um ambiente ágil e dinâmico exige um novo modelo mental e um novo modelo organizacional. O modelo mental passa de linear para exponencial. Não é fácil escapar do pensamento linear! E a tradicional estrutura hierárquica e rígida entra em colapso. O desafio para as empresas pré-Internet é criar o futuro enquanto lidam com o seu legado. As nascidas no mundo pós-Internet não têm este problema. Já foram criadas com um novo DNA.

As mudanças vão acontecer muito mais rápido que pensamos. O sucesso nesta jornada, inevitável, sob risco de desaparecimento do próprio negócio, depende menos das tecnologias em si, mas muito mais da capacidade das empresas e seus executivos compreenderem sua amplitude, e o desafio de implementarem suas estratégias digitais em tempo hábil. Portanto, aja como um disruptor, antes que outro o seja. Pense que seu negócio estabelecido há dezenas de anos não garantirá sua sobrevivência nos próximos dez anos. E faça a disrupção no seu negócio antes que outro o façam. A sua indústria de hoje muito provavelmente não será a mesma de amanhã.
*Cezar Taurion é CEO da Litteris Consulting, autor de seis livros sobre Open Source, Inovação, Cloud Computing e Big Data

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