Quando os deliciosos bombons, ovos, e o coelhinho da Pascoa esta pra chegar, chega junto um pouquinho de SAUDADE....
Sönksen – A fantástica fábrica de chocolates
Colaboração de Osni Cassab:
Oi irmão as lembranças são boas e as vezes dão vontade, não é?
Sönksen – A fantástica fábrica de chocolates
ARTIGOS — POR DOUGLAS NASCIMENTO
O passado industrial paulistano é repleto de fábricas que mesmo já tendo elas fechado suas portas ou simplesmente mudado de cidade, ainda estão presentes no imaginário paulistano. São empresas que marcaram o cotidiano da cidade com campanhas publicitárias marcantes, produtos inesquecíveis ou apenas porque estas fábricas deram emprego a milhares de paulistanos que foram de nossas famílias ou de amigos.
Em bairros como Pari, Brás, Mooca e Vila Prudente fábricas eram uma presença constante, com suas chaminés fumegantes e o movimento frenético de caminhões e operários. Mas em um bairro que não era tradicionalmente fabril, a Liberdade, existiu uma fábrica que mesmo tendo fechado suas portas há quase 30 anos ainda é lembrada por todos: A Chocolate Sönksen.
A fábrica da rua Vergueiro, 310 em 1959 - Clique para ampliar
A Chocolate Sönksen não nasceu exatamente na rua Vergueiro, onde ficou até encerrar suas atividades. A Sönksen surgiu não muito longe dali, na rua Líbero Badaró como uma pequena loja de doces em 1888, quando o Brasil ainda vivia sobre o regime da monarquia. Fundada pelo Sr. Alfredo Richter ela nem mesmo tinha o nome Sönksen à época. Como uma pequena casa dedicada a industrialização e comércio de produtos da “arte açucareira”,a La Bomboniére (seu primeiro nome) foi sem dúvida uma das primeiras lojas de doces da então pequena cidade de São Paulo.
Na virada pro século XX, Richter casou-se com a senhora Alwine Sophia Sönksen, mulher de forte visão empreendedora que desde o primeiro momento da união passou a colaborar ativamente com o marido na expansão da pequena empresa em uma grande casa comercial e industrial.
O casal Alfredo Richter & Alwine Sophia Sönksen - Clique para ampliar
Infelizmente, a bela união entre Sr Richter e a Sra Sönksen não durou muitos anos. Em 1904, Alfredo Richter veio a falecer e, sozinha na liderança da companhia, Alwine Sophia Sönksen decidiu vender a empresa ao capitalista (nome que se dava aos empresários à época) João Faulhammer.
João Faulhammer, que adquiriu a empresa em 1904.
Com a empresa sob o comando de Faulhammer, teve início a construção da nova fábrica, que saia da área mais central da cidade para a área que ficaria em definitivo, à rua Vergueiro, 310. À época, o crescimento da empresa demandava um novo local, uma vez que além da loja e sede industrial na região da Sé, já havia uma segunda loja na rua XV de Novembro.
Em fotografia de 1910, a fábrica nova em construção. (clique para ampliar)
Mesmo sob direção de outro proprietário desde 1904, a Sönksen ainda iria voltar às mãos da família de Alwine. No ano de 1912, a empresa que pertencia a Faulhammer foi colocada à venda, e os três irmãos Sönksen puderam comprá-la novamente, formando para isso uma sociedade. Na aquisição, comprava-se a empresa e alugava-se o local onde estava a nova sede, à rua Vergueiro. A empresa passava a chamar-se Christian Sönksen & Cia. O prédio só seria comprado definitivamente em 1922.
Em 1920, um fato curioso. A filha do antigo proprietário João Faulhammer, Anna Sophia, casa-se com Augusto Sönksen.
No ano de 1924 a empresa muda mais uma vez a razão social, desta vez para Sönksen Irmãos & Cia. A empresa, moderna desde sua formação ainda no século XIX, sempre teve a participação ativa de mulheres na administração, agora com Anna Sophia Sönksen e Joana Helena Sönksen, esposas respectivamente de Augusto e Christian Sönksen.
A empresa seguiria seu crescimento vertiginoso, perpetuando sua marca e o sabor inigualável de seus chocolates e balas. Em 1948, tornou-se Sociedade Anônima.
Por dentro da Sönksen:
Mas como era a fábrica de chocolates por dentro ? Como era a produção de chocolates e bala ? E o cotidiano dos funcionários ?
Através de fotografias inéditas, a galeria abaixo mostra ao leitor como era o dia a dia da Sönksen. Uma viagem no tempo, através de 22 fotografias (clique para ampliar)!
Lojas Sönksen, um costume que vem do século XIX:
Quando iniciou suas atividades ainda no final do século XIX, a empresa começou com uma pequena loja onde vendia os produtos que produzia na Libero Badaró. Com o tempo, a empresa expandiu-se e mudou sua sede para a rua Direita, 43 na Sé. Até que para atender a demanda, abriu sua segunda loja já mencionada acima, na rua XV de novembro.
Garoto diante de produtos da Sönksen (clique para ampliar).
E a medida que o tempo ia se passando, a Sönksen foi abrindo outras lojas da marca por São Paulo e outras cidades que eram verdadeiros pontos de peregrinação para os amantes do bom chocolate. Suas lojas mais concorridas e que estavam sempre abarrotadas de produtos e clientes eram as da rua Augusta 2310 (Jardim América), avenida São João 223, rua 24 Maio, 29 (no Edifício Palácio do Comércio) e a concorrida loja de Santo André na rua Coronel Oliveira Lima, 433.
Esse conceito de sucesso de lojas próprias é seguido à risca até hoje por outros fabricantes de chocolate, como Ofner, Kopenhagen e Cacau Show entre tantos outros.
A Chocolate Sönksen não nasceu exatamente na rua Vergueiro, onde ficou até encerrar suas atividades. A Sönksen surgiu não muito longe dali, na rua Líbero Badaró como uma pequena loja de doces em 1888, quando o Brasil ainda vivia sobre o regime da monarquia. Fundada pelo Sr. Alfredo Richter ela nem mesmo tinha o nome Sönksen à época. Como uma pequena casa dedicada a industrialização e comércio de produtos da “arte açucareira”,a La Bomboniére (seu primeiro nome) foi sem dúvida uma das primeiras lojas de doces da então pequena cidade de São Paulo.
Na virada pro século XX, Richter casou-se com a senhora Alwine Sophia Sönksen, mulher de forte visão empreendedora que desde o primeiro momento da união passou a colaborar ativamente com o marido na expansão da pequena empresa em uma grande casa comercial e industrial.
O casal Alfredo Richter & Alwine Sophia Sönksen - Clique para ampliar
Infelizmente, a bela união entre Sr Richter e a Sra Sönksen não durou muitos anos. Em 1904, Alfredo Richter veio a falecer e, sozinha na liderança da companhia, Alwine Sophia Sönksen decidiu vender a empresa ao capitalista (nome que se dava aos empresários à época) João Faulhammer.
João Faulhammer, que adquiriu a empresa em 1904.
Com a empresa sob o comando de Faulhammer, teve início a construção da nova fábrica, que saia da área mais central da cidade para a área que ficaria em definitivo, à rua Vergueiro, 310. À época, o crescimento da empresa demandava um novo local, uma vez que além da loja e sede industrial na região da Sé, já havia uma segunda loja na rua XV de Novembro.
Em fotografia de 1910, a fábrica nova em construção. (clique para ampliar)
Mesmo sob direção de outro proprietário desde 1904, a Sönksen ainda iria voltar às mãos da família de Alwine. No ano de 1912, a empresa que pertencia a Faulhammer foi colocada à venda, e os três irmãos Sönksen puderam comprá-la novamente, formando para isso uma sociedade. Na aquisição, comprava-se a empresa e alugava-se o local onde estava a nova sede, à rua Vergueiro. A empresa passava a chamar-se Christian Sönksen & Cia. O prédio só seria comprado definitivamente em 1922.
Em 1920, um fato curioso. A filha do antigo proprietário João Faulhammer, Anna Sophia, casa-se com Augusto Sönksen.
No ano de 1924 a empresa muda mais uma vez a razão social, desta vez para Sönksen Irmãos & Cia. A empresa, moderna desde sua formação ainda no século XIX, sempre teve a participação ativa de mulheres na administração, agora com Anna Sophia Sönksen e Joana Helena Sönksen, esposas respectivamente de Augusto e Christian Sönksen.
A empresa seguiria seu crescimento vertiginoso, perpetuando sua marca e o sabor inigualável de seus chocolates e balas. Em 1948, tornou-se Sociedade Anônima.
Por dentro da Sönksen:
Mas como era a fábrica de chocolates por dentro ? Como era a produção de chocolates e bala ? E o cotidiano dos funcionários ?
Através de fotografias inéditas, a galeria abaixo mostra ao leitor como era o dia a dia da Sönksen. Uma viagem no tempo, através de 22 fotografias (clique para ampliar)!
Lojas Sönksen, um costume que vem do século XIX:
Quando iniciou suas atividades ainda no final do século XIX, a empresa começou com uma pequena loja onde vendia os produtos que produzia na Libero Badaró. Com o tempo, a empresa expandiu-se e mudou sua sede para a rua Direita, 43 na Sé. Até que para atender a demanda, abriu sua segunda loja já mencionada acima, na rua XV de novembro.
Garoto diante de produtos da Sönksen (clique para ampliar).
E a medida que o tempo ia se passando, a Sönksen foi abrindo outras lojas da marca por São Paulo e outras cidades que eram verdadeiros pontos de peregrinação para os amantes do bom chocolate. Suas lojas mais concorridas e que estavam sempre abarrotadas de produtos e clientes eram as da rua Augusta 2310 (Jardim América), avenida São João 223, rua 24 Maio, 29 (no Edifício Palácio do Comércio) e a concorrida loja de Santo André na rua Coronel Oliveira Lima, 433.
Esse conceito de sucesso de lojas próprias é seguido à risca até hoje por outros fabricantes de chocolate, como Ofner, Kopenhagen e Cacau Show entre tantos outros.
Na galeria abaixo, veja como eram algumas das lojas da Sönksen (clique para ampliar):
Chocolates e doces inesquecíveis:
A qualidade dos chocolates e dos demais produtos fabricados pela Sönksen eram inesquecíveis. Até hoje costumamos ver pessoas lembrarem-se dos famosos chocolates produzidos pela marca com um misto de saudade e nostalgia. Desde as barras de chocolate simples, aos famosos bombons finos vendidos em embalagens luxuosas, com imagens de monumentos históricos paulistas ou de belos locais do Brasil, aos famosos bombons Alpino, de sabor único. Confeitos de conhaque, dragés, lingua de gato e os famosos Urso Branco e Urso Marron.
As balas vendidas em latinhas também eram muito saborosas. Até hoje as latinhas são vendidas em antiquários e feiras de antiguidades.
Lembra-se de toda a linha de produtos da Sönksen ?
Abaixo, uma série de imagens dos produtos mais conhecidos da fábrica (clique para ampliar):
O fim da linha:
Os anos 1970 foram decisivos para muitas fábricas estabelecidas na cidade de São Paulo. Nesta época muitas empresas começaram a mudar da cidade rumo a outras com incentivos fiscais mais favoráveis. Já outras iniciaram um período de declínio a qual não conseguiriam se recuperar. E a Sönksen foi uma das que entraram em dificuldades.
As razões para a decadência e fim da Sönksen são várias. Há relatos de que herdeiros não tinham interesse em prosseguir no mercado, outros relatos indicam que a compra em plena década de 1970 de um moderno sistema de computadores para a informatização da fábrica teria causados danos irreversíveis na contabilidade da companhia. No final da mesma década, quando a empresa já estava muito mal, alegava-se que o sistema de vendas da empresa pelo país era muito deficitário, com apenas três vendedores em todo o estado de São Paulo e uma distribuidora no Rio de Janeiro para colocar no mercado uma enorme produção de 25 toneladas de produtos. O mais provável é que a soma de todos estes fatores tenham em conjunto contribuido para o fim da empresa.
Em 1977, no auge da crise, já não havia um Sönksen no comando. Convencido por um dos diretores da empresa que era seu amigo, o dono de uma das maiores concorrentes da Sönksen, a Casa Falchi, decidiu assumir o passivo da empresa, cujos bens estavam prestes a ir a leilão.
Os problemas que todos pensavam que poderiam estar acabando, na verdade continuariam. À frente da Falchi, ele não conseguia tocar a empresa que se propunha salvar e optou então por nomear se filho, chamado José Clibas de Oliveira e Silva Filho para assumir a presidência da Sönksen. Como não era do ramo de chocolates, inicialmente Clibas Filho veio como uma espécie de interventor, seguindo sugestões de seu pai. Aos poucos, foi tomando conta do negócio.
José Clibas de Oliveira & Silva Filho
Uma curiosidade: os donos da Doceria Ofner chegaram ser acionistas e membros da diretoria da Sönksen até pouco antes de Clibas Filho assumir.
A vasta linha de produtos da Sönksen foi reduzida. Mesmo assim, permanecia com cerca de 150 produtos e detendo cerca de 30% do mercado brasileiro de chocolates.
No entanto, nem isso foi suficiente para salvar a empresa. Juntas, Falchi & Sönksen, caminharam juntas para o fim. Em setembro de 1983, a primeira fábrica de chocolates de São Paulo de tanta história e tradição requeria sua falência. Segundo seu acionista majoritário (60% das ações), Peter Schone, a má situação financeira da empresa era resultado das altas taxas de juros e da impossibilidade de repassar seus custos, em especial matérias-prima.
Era o fim da linha para a Chocolates Sönsken.
Agradecimentos: Christiano Sonksen
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Um comentário:
Adorei esta viagem ao passado, Douglas.
Lembro de uma loja Sonksen na Vieira de Morais.
Abraços
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